sábado, 26 de fevereiro de 2011

arte





















Mudanças no visual do blog... eu canso rápido.
Para quem ainda não foi apresentado, meu pintor favorito,
John William Waterhouse.
Eu queria muito um gato grande destes ronronando nos meus pés, e morar perto do mar.  Ter coragem de ser ruiva como as mulheres que ele pintava, e estar sempre cercada de rosas.

Arte é uma coisa engraçada, porque apesar dos inumeros níveis de apreciação, interpretação e classificação, em ultima instancia a obra fala ou não fala com o seu coração.   É perda de tempo racionalizar, analisar, avaliar, criticar.  Só importa o que se sente. O pintor Paul Klee disse que nós temos 2 olhos porque enquanto um vê o outro sente.
Acredito que as pessoas mudam durante a vida e seu gosto pode mudar tambem, mas de forma geral a arte que atinge seu coração profundamente sempre será a mesma, porque aquele cara da magia dos pinceis sabia quem voce era, e provavelmente ele era igualzinho a voce.  Ele via, sentia e interpretava o mundo, seculos atrás, exatamente como voce.   
 Outra coisa, o impacto do contato real.  A gente pode ter inumeras copias, arquivos digitais, reproduções, mas o impacto que acontece ao se ver de pé diante da tela e ver os sentido das pinceladas é inenerrável.  Para quem como eu acredita que existem forças sutis que se desprendem de nós e se fixam em locais e objetos, estar sentindo uma fração da emoção do artista é uma possibilidade. Nunca tive este prazer de um encontro imediato de segundo grau com Waterhouse, a obra dele está quase totalmente em coleções privadas.

Eu sou a favor de tentar entender as pessoas, de me colocar no lugar delas para entender seus gostos e ações, mas em termos de arte, a coisa é tão visceral que eu simplesmente não consigo. Não consigo apreciar arte abstrata, não consigo entender o que eles vêm nela. Cubistas, dadaistas, etc... nada que um comprimidinho de Haldol não resolva.

Consigo até perdoar e entender o egoismo de gente que pode comprar um quadro destes e te-lo em sua sala, simples assim, para ter o prazer de admira-lo quando quiser, desde que é claro seja por amor àquela obra específica. Sinceramente, espero que o inergumeno que tem a posse desta pintura se coloque em adoração na frente dela diariamente, consciente da dádiva que é te-la assim à disposição, e dê a ela um valor maior do que o comercial ou o status.

 
ok, vamos ver quanto tempo este look do blog vai durar.

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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

quase

Às vezes eu leio o dicionario, aleatoriamente.
Coisa de louco.
Percepção.

Hai-kai  à parte, é um hábito interessante do tipo montanha russa, altos e baixos violentamnete alternados.
Voce passa no Q por quadrado, quadro... e de repente vê a hipnotizante QUASE.

QUASE é uma das palavras mais estranhas do nosso pensar, porque  uma lingua é o pensamento congelado pronto para viagem.

Se voce quase morreu, a experiencia de quase-morte provavelmente terá transformado voce em outra pessoa completamente diferente do que era... então é um quase do tipo metamorfose ( não necessáriamente evolucionario, porque conheci pessoas que depois disso se tornaram viciados e alcolatras, o peso deste quase não é para qualquer ombro).

Se voce quase conseguiu uma promoção existe alguma coisa fedendo no reino da Dinamarca, onde Hamlet quase foi rei.  Promoção é uma coisa que vem ou não vem nunca mais. É um quase fatal.

Quase chegar a tempo, quase pegar o avião, quase na hora.... estava quase lá...  sem comentarios, já era.

Quase completo,  pode jogar fora se for uma coleção, e socar o computador, se for um download.

 Já está Quase decidido... que piada de decisão é essa?

Quase curado.... suspense.

Quase feliz, quem vai querer?

Aí vem o quase que parece bom, o quase de quem escapou por  pouco.
Quase fui assaltado.... deu mole.
Quase fui atropelado... olha por onde anda!
Quase bateram no meu carro... precisa dois para dançar.
Quase morri afogado... idiotas e grandes águas são coisas que não se mistura.
Quase perdi meu filho no shopping... sem comentarios.
Existe um quase bom?

O pior tipo de quase é o que se comporta como assombração.... ele fica na sua cabeça para o resto da vida, e nunca chega a lugar nenhum , porque afinal é um quase.
Sonho quase realizado.
Vitoria quase conquistada.
Livro quase publicado.
Me sinto quase realizado.
Bebê que quase nasceu.
Quase amante.


Esta é em homenagem aos quase:  Almost lover

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

espelhos


... a imagem da Piazza San Marco é em homenagem ao filme o Turista, que acabei de assistir e quase morri de saudades de Veneza...
mas o que me chamou a atenção é o efeito espelho que a água cria  (para efeito deste interludio literario vamos esquecer que este filme dágua é a espada da extinção sobre  Veneza).

Acho que a mágica do espelho começou a hipnotizar os neandertais quando se viram no reflexo da água... e provavelmente acharam que os traços tortos do rosto eram apenas distorção da marola, os coitados.

Qual é exatamente o poder que conhecer a sua propria imagem dá ao homem?  O que o homem enxerga num espelho?  o que um espelho mostra ao homem, o que ele é ou os varios homens que ele gostaria de ser, como insiste Lacan?  

O espelho mágico da madrasta da Branca de Neve sabia de t-u-d-o, era um espelho onisciente.
O espelho mágico que serviu  para Alice entrar no Pais das Maravilhas era um portal, uma passagem para um mundo que já existia dentro dela mesma.
Outros espelhos fixaram emoções na literatura, como o espelho do quarto de Capitú, que se sabia de tudo nunca revelou o segredo..., o espelho dágua que hipnotizou Narciso na mitologia grega, ou o espelho que não consegue mostrar os vampiros na literatura gótica e serve como limite entre o mundo dos vivos e o dos mortos.

O impacto de ver sua propria imagem era tão avassalador que na antiguidade os espelhos foram associados à alma, depois ao mundo espiritual, de onde vieram os espelhos mágicos, que falavam de profecias e revelavam segredos e existe toda uma tradição de meditação diante do espelho, que tem efeitos profundos na personalidade dos individuos.

O espelho pode ser curioso, do tipo que insiste em ficar te observando... ou cômico, do tipo que distorce as formas. Pode ser cruel,  como aquele que mostra idade, ou  iluminado, como aquele que mostra a sabedoria tranquila. Pode se condescendente, como aquele que mostra o que voce quer ver, ou escravizante, quando mostra o quanto voce não se encaixa.   Pode ser irritante como o retrovisor.
Pode ser membro da familia, como aqueles grandes espelhos bisoteé do quarto das avós, que viram gerações seguidas de pessoas existirem, mas jazem vazios no canto de algum quarto ou deposito de moveis antigos. Esta imagem do espelho vazio abandonado é muito semelhante à imagem dos olhos velados de um cego, e me lembro que por aí se diz que os olhos são o espelho da alma.

O quanto cada um é dependente do espelho talvez diga muito sobre as pessoas... tem lugares onde até nos elevadores há espelhos, a pessoa sai do banheiro onde já se olhou bastante, passa pela sala e pelo quarto, onde confere mais algumas vezes, e quando vai para a garagem ainda pode conferir mais alguns minutos a propria imagem antes de se despedir de si mesma (agonia!) para enfrentar um dia de trabalho! 
Acho que há espelhos em toda parte e pessoas que param para  ver sua propria imagem neles.
Se enxergar é uma expressão com inumeros graus de significado.... quem é que realmente se vê ao olhar num espelho? e, em se enxergando, quem é que realmente se conhece?

Um detalhe importante é de que a imagem no espelho é invertida, e isso tambem tem significados multiplos. 
Leonardo da Vinci escreveu muitas paginas dos seus cadernos com escrita espelhada, talvez uma tentativa moderada de reter a privacidade do texto.  Ou talvez uma mostra de que tudo que lhe interessava era entender e espelhar a natureza e suas maravilhas.

Me lembro de ter visto em São Paulo um edifício cujo exterior era espelhado, refletindo o céu e as nuvens de forma que se  integrava ao céu como se fosse parte dele, conteudo e substancia, numa imagem contínua de céu e terra que deve ser a arquitetura mais perfeita que eu já vi.
Me lembro de ter visto na Praça da República, sob uma ponte oriental um espelho dágua verde escuro, onde provavelmente o menino Tetsuo do livro de José Mauro de Vasconcelos ficava olhando a própria imagem e as transformações que ela sofria conforme sua vida se esvaía.
Me lembro do meu canto na beira do rio, onde o verde claro da água do rio Paraitinga espelhava o céu e as nuvens criando uma imagem de estranha dinâmica, porque a água era corrrente e as nuvens tambem corriam no céu, a perfeição da impermanência na forma mais fiel como poderia ser retratada.
Acho que há espelhos em toda parte, e pessoas que param para observar o que eles revelam sobre o mundo à nossa volta.


O meu, infelizmente não me enxerga.  A imagem que ele mostra não chega às sombras da lady que o encara. Então, no fundo é isso, espelhos são burros.
Porque a verdade, mesmo, eles não mostram,  a imagem "real" que eles mostram é apenas mais uma ilusão, que deixa as pessoas que olham seguras, porque não precisam mais pensar nisso. Mesmo se me vejo feio, pelo menos estou me vendo, não sou um vampiro... 
A imagem que eles mostram é tão superficial quanto sua face fria,  e as pessoas só procuram enxergar dentro dela raramente.
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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

aves de rapina






As aves de rapina sempre foram respeitadas entre os homens, desde o Egito antigo onde o falcão Horus com sua visão poderosa representava o poder do deus que tudo vê, até os livros de falcoaria da Idade Media que se assemelham a tratados filosoficos pela propria natureza das aves estudadas.
Elas são pouco numerosas se comparadas a outras espécies, vivem em geral de modo solitario e isolado em lugares inacessiveis, e teem caracteristicas fisicas incomuns que as capacitam a fazer proezas lendarias como mergulhos a 180km/hora que parariam o coração de qualquer outro ser vivo, enxergar com precisão de 2km de altura,  e liberdade, meu Deus, a liberdade de poder voar assim tão alto e tão longe, poder ir para lugares onde ninguem chega e ficar lá observando o mundo girar. 
Um ás da Primeira Guerra mundial tinha uma águia pintada em seu aeroplano onde se lia Je Vois Tout (cara, voar sem paraquedas num troço feito de madeira e lona com um motorzinho de mobilete é coisa de ÁS, depois disso ninguem mais devia aspirar ao titulo).

É claro que sua capacidade de predadores eficientissimos e implacaveis tambem fez com que fossem mencionados como exemplos de ladrões, assassinos,  impiedosos, esquisitos.  Porque os homens teem a natureza de se enxergar em todo o resto do mundo, não importa para onde olhem estão sempre vendo somente a si mesmos. (acho que se chama Filosofia, isso)

Esta dualidade intrinseca aos seres vivos, que tanto pode fazer deles maravilhas quanto demonios,  intriga e deslumbra mais aos homens porque serve de alerta sobre sua propria natureza.
A natureza é essencialmente dual e polarizada, nenhum ser vivo é totalmente bom ou mal, e nenhum deles é descartável dentro do contexto complexo do inter-relacionamento ecológico.  Mesmo as cobras venenosas têm sua serventia e importancia no habitat.  Até as aguas vivas e os leitores de Caras.
A ambição que faz um homem voar mais alto e ver de cima as coisas e ter o poder de rapinar para sobreviver, tambem faz com que possa se tornar um assassino implacavel de sonhos e esperanças de outras pessoas.
Alguns nascem com uma capacidade de visão mais acurada, de percepção da inteção do movimento antes que ele mesmo aconteça... e principalmente, a capacidade de ver a imagem ampla, the big picture, outros nascem com capacidades físicas semelhantes ao coração da águia mergulhadora.
Se eles vão usar isso para rapinar, é uma escolha.  É na escolha que está a maravilha das aves de rapina, porque apesar de ter todas as capacidades imagináveis, elas só matam o suficiente para sobreviver, e uma vez seguras e alimentadas só ficam ali, observando o mundo girar.
Esta é a grande mística que eles exercem sobre os homens: a imagem da serenidade de uma criatura que tem tanto poder mas sabe como e quando usa-lo, só na medida necessária.
Je vois tout, mas  o que sei guardo para mim. A grande águia, alimentada, pousada, apenas observando, e exercendo aquela aura de poder contido, de perfeição.

Há uma frase num livro de Anne Rice, Entrevista com o Vampiro, que define a escolha de uma criatura de rapina:
" People who ceased to believe in God or goodness althogheter still believe in the devil. I dont know why...
No, indeed I know why. Evil is always possible. And goodness is eternally difficult."
(Pessoas que desistiram de acreditar em Deus ou na bondade de uma vez continuam acreditando no demonio. Eu não sei porque. Não, na verdade eu sei porque. O mal é sempre possivel. O bem é eternamente difícil."

Há lugares que concentram estas aves, lugares de poder.
Mas é sempre bom lembrar que todos eles nasceram fracos e implumes de um ovo, e passam anualmente por uma troca de penas que os prende vulneraveis ao chão, e à opinião pública.

Viver dentro da natureza é como viver em sociedade, é preciso entender que todos têem 2 lados, e todos têem um papel a cumprir, mesmo que seja apenas encher o saco de todo mundo em volta, ou voar e ficar olhando as coisas de uma distancia segura.
Mas que tem hora que dá vontade de ter uma boa espingarda, isso dá.
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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

She

do fundo do bau....

Charles Aznavour ouça aqui
 e aqui com tradução


"She maybe the face I can't forget

A trace of pleasure or regret

Maybe my treasure or the price

I have to pay

She maybe the song that summer sings

Maybe the chill that autumn brings

Maybe a hundred different things

Within a measure of a day

She maybe the beauty or the beast

Maybe the famine or the feast

May turn each day into a heaven

Or a hell

She meaybe the mirror of my dream

She meaybe the mirror of my dream

A smile reflected in a stream

She may not be what she may seem

Inside her shell

She who always seems so happy in a crowd

Whose eyes can be so private and so proud

No-one's allowed to see them

When they cry

She maybe the love that cannot hope to last

May come to me from shadows of the past

That I remember till

The day I die

She maybe the reason I survive

The why and wherefore I'm alive

The one I'll care for through the

Rough and rainy years

Me I'll take her laughter and her tears

And make them all my souvenirs

For where she goes I've got to be

The meaning of my life is she she mm
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