quinta-feira, 23 de maio de 2013

a rosa

Acordei melancolica hoje, do jeito que combina com céu nublado e até fog.

A maior parte das pessoas sabe que eu morava num lugar paradisiaco e que uma enchente mudou minha vida, mas acho que me esqueci de dividir uma coisa importante.

Eu sempre quis poder ter um jardim, minha vida toda.  Em cada lugar onde ia morar, alguma coisa havia para impedir isso.  Em São Luiz do Paraitinga eu afinal tive meu jardim e horta (embora não direto na terra, as roseiras eram plantandas em baldes, a horta em bacias e garrafas pet) e convivi com ele durante 3 anos.

A enchente manteve a casa submersa por 3 dias, e quando finalmente a agua desceu, ficou uma lama fétida e de granulação fina, que grudava como cola nas coisas. Pouca coisa se pode aproveitar.

Quando eu entrei na casa, vi de longe no corredor minhas roseiras, e percebi que uma delas toda coberta de lama grudada parecia que tinha um botão com petalas vermelhas frescas e limpas.
Durante os 3 dias da limpeza da casa eu fotografei o meu pequeno milagre se abrindo, e no dia em que dei adeus à casa elas ficaram lá, porque eu era agora uma cigana sem teto e nao podia levar quase nada.

Essa rosa que desabrochou na lama acabou sendo meu avatar. Eu me abri de novo, e cada vez que alguma coisa sufoca meus sonhos ou me afoga em contrariedades, eu sei que posso faze-lo.