domingo, 23 de janeiro de 2011

não acredite em tudo que lê

foto do blog do astrologo Ivan Freitas


amigos, muitos já me escreveram sobre esta polemica do 13º signo, então reuni algumas informações que repasso a voces.

Sempre houve esta constelação de Ophiucus na linha que percorre o caminho de onde se tirou o zodiaco, e varias outras constelações estão tambem ali de forma parcial, o que acontece é que signos NÃO SÃO CONSTELAÇÕES, e mesmo na antiguidade os astrologos sabiam que nem todas as constelações estariam representadas no zodiaco astrologico, porque ele só precisavam de 12. Da mesma forma tem nesta faixa a constelação de Cetus, mas na sociedade hedonista em que vivemos quem iria querer ser do signo de baleia?

Astrologia é uma matéria ( cuja denominação correta seria paraciencia, porque embora não tenha forma de ser comprovada metricamente tem um corpo de conhecimento coerente, que evoluiu durante 3000 anos e que continua eficiente mesmo com as mudanças da civilização durante este periodo), que usa o simbolismo para traduzir o homem, coloca o homem e a Terra no centro (portanto é geocentrica, nada a ver com a astronomia real), e usa um zodiaco chamado de tropical, que NÃO CORRESPONDE ÀS CONSTELAÇÕES físicas existentes no céu, ele foi matematicamente dividido em 12 partes iguais (as constelações ao redor da Terra não estão todas à mesma distancia do planeta, nem teem todas o mesmo tamanho) e os signos foram denominados de acordo com algumas constelações por conveniencia, numa época em que elas se apresentavam no céu (depois de 2500 anos se constatou que elas se deslocaram devagar, e hoje não estão mais no ponto em que foram usadas para definir o zodiaco tropical), nos pontos chave do ano terrestre correspondentes a estas 12 divisões. Existem formas de astrologia chamadas de siderais que, estas sim, trabalham com o céu como se apresenta sobre suas cabeças neste momento, a indiana é uma delas.

Portanto, os signos foram relacionados com as estações da Terra e o homem, por exemplo 0 graus de Áries é o Equinocio de Primavera, que naquela época no ceu correspondia ao aparecimento da constelação do carneiro, mas o signo de Áries não é a constelação, ele permanece funcionando normalmente em termos de tecnica astrologica porque o equinocio de primavera e as forças associadas à primavera continuam retratando o SIGNO de Áries, simplesmente porque todos somos pequenos átomos nadando na sopa do Universo, sob as mesmas marés e forças que atuam sobre o todo. Isto tambem explica porque o Signo de Áries que ocorre aqui no hemisferio sul no equinocio de Outono mantem suas caracteristicas de força do começo da vida da Primavera, porque não é uma questão geografica, é SIMBOLICA.

A revista Veja tem descido muito de nível nos ultimos anos, e passa por uma crise de confiabilidade internacional, tendo sido processada pela Scientific American devido à copia integral de varios artigos sem citar a fonte. (o que voces podem constatar aqui no blog do Luis Nassif http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/veja-e-acusada-de-plagiar-scientific-american

 Pelo visto o costume da cópia continua, como voces podem ver pelas capas da revista da Folha de 1995 e da Veja desta semana. Eles precisavam de um artigo que fosse "cientifico" original, e entrevistaram nas 2 semanas anteriores 8 professores da USP (que informaram a diferença entre o conceito de signo, constelação, evolução da astronomia, erros de tradução de textos antigos, etc, sem endossar a Astrologia mas tambem sem endossar este engano de interpretação) e o diretor técnico da Central Nacional de Astrologia. Como todas estas pessoas deram informações que iam contra a visão pré decidida da reportagem que pretendia ser "puramente cientifica", foram excluídas do texto final, eles usaram apenas uma frase do Quiroga fora de contexto.

Este astronomo americano que "ressuscitou" este assunto na midia depois de 15 anos tambem é um palhaço que deve estar sem serviço, porque ele fala em tom sensacionalista como se ele tivesse feito uma descoberta inedita que vai mudar todos os parametros de uma materia que tem funcionado muito bem diariamente nos ultimos 2500 anos. Naquela época, até o Fantastico fez reportagens sobre isso, então voces podem esperar novas versões destas materias sensacionalistas em breve na TV, mas geeente, estamos num país que levou o Big Brother para o 11º ano!

Aqui está o link para o site do Alexey, diretor tecnico da CNA, que foi um dos entrevistados que não foi citado:
http://devir.wordpress.com/2011/01/22/a-guerra-nas-entrelinhas/

Olha, eu uso Astrologia com moderação e com boa formação tecnica, cultural e uma razoavel inteligencia, estudei astrologia na melhor escola que havia disponivel, mas é importante salientar que minha formação original é tecnica, eu fui motivada no inicio a estudar astrologia porque DUVIDAVA que funcionasse... e acabei convencida diante dos resultados, não da metodologia ou da linguagem especifica ( que tem sido muito criticada depois desta maldita "Nova Era", onde misturar alhos com bugalhos se tornou a sopa de todo dia). Gente como Newton, Kepler, Eisntein e Jung, muito mais espertos do que eu, acreditavam no potencial dela.

Nunca forcei nenhum amigo a engolir isso se não fosse do agrado dele, nem sou xiíta de dizer que ela funciona 100% do tempo precisamente, mas todo dia tem alguem que me liga ou me escreve me dizendo que funciona, e que de alguma forma a informação que ela proporcionou ajudou em alguma coisa, é o que me basta, se com ela eu posso fazer uma coisa positiva, mantendo a humildade de saber que eu não sou onisciente nem estou completamente certa o tempo todo.

Ela é uma ferramenta, não uma religião, ela não pede que niguem acredite cegamente em dogmas nem que elimine seu raciocinio logico para usa-la, a pessoa acaba acreditando porque ve que funciona e ponto. Simples assim.

É claro que há pessoas mal intencionadas, que sabendo da eficácia se postam numa situação de Deus onisciente que tudo prevê e a quem todos deveriam se curvar, mas eles são idiotas, e tem idiotas em todos os ramos de conhecimento da Terra.

Magnetismo funciona, existe, pode até ser medido, mas até hoje ninguem provou com precisão o que ele realmente é, nem sua fonte.

No ano passado a Veja no dia dos namorados publicou uma espinafração da Astrologia chamando os praticantes profissionais de 171 e os usuarios de despreparados, usando uma entrevista com uma daquelas cartomantes de bairro de SP que se INTITULA astróloga. Astrologia leva anos para ser aprendida, requer estudo, cultura, e sobretudo tecnica.
 No artigo desta semana elevaram o nivel da critica aos usuarios chamando um psiquiatra para declarar que estas pessoas tão frageis precisam de qualquer tipo de muleta e não teem condições de avaliar que estão sendo enganadas, e chamando os astrologos profissionais de "bem pagos do ramo da leitura dos astros, que tranquilizam a galera dizendo nada vai mudar..." como se fossem estelionatarios.
Isto caracteriza uma visão editorial dirigida, que ao inves de prezar pela seriedade e apuração da informação quer doutrinar os leitores numa campanha descarada que cheira a Inquisição religiosa.

Nenhuma das pessoas que me pede alguma opinião ou leitura astrologica se enquadra na categoria de paciente psiquiatrico, e a grande maioria delas tem titulos universitarios, e portanto condições de sobra para discernir que estão recebendo uma informação de nivel simbólico, que pode ter multiplas interpretações e multiplos niveis de efeitos.

Ultimamente eu tenho praticado pouco esta arte, não mais profissionalmente nem ensinando, mas é uma questão de foro intimo, não de falta de convicção nem de respeito por ela.

o que me irrita mais é que eu tive que comprar a Veja para poder ter acesso ao conteudo do "artigo"!!!! vai forrar o banheiro do gato....

bom, desculpem o desabafo
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aqui tem um texto ótimo do astrologo portugues Nuno Michaels sobre esta celeuma.

e aqui segue colado um texto muito tecnico e explicativo do grande Carlos Hollanda sobre a mesma irritação:

"Nesta última semana, seis pessoas me enviaram e-mails perguntando sobre a mais nova notícia sensacionalista - e acrescento: falsa - que vem correndo na mídia sobre a suposta "descoberta" de um novo signo, entre Escorpião e Sagitário. Como essas seis, várias outras pessoas podem estar com a mesma dúvida e assim como respondi às primeiras com algumas explicações com base histórica, aqui faço o mesmo com o acréscimo de outros dados. Infelizmente isso que podemos tranquilamente chamar de boataria e sensacionalismo barato nos dá um certo trabalho de esclarecimento. É uma perda de tempo por um lado, rebatendo inverdades a respeito da prática e das concepções astrológicas, mas por outro é uma oportunidade de ressurgirmos no mainstream das mídias. O grande problema aqui é que esse esclarecimento já havia sido feito há mais de 15 anos, como veremos adiante, sobre A MESMA QUESTÃO. Repetir a dose dessas informações sem qualquer fundamento é um verdadeiro deboche para com o público telespectador e leitor.


Prezados, essa história do décimo terceiro signo, creiam, é mais velha que a bisavó do Ptolomeu. Inventaram agora que um astrônomo estadunidense, Parke Kunkle,"descobriu recentemente" o Esculápio ou Ophiuco (Serpentário), que é uma constelação cuja extensão ocorre bem próxima da eclítica, o caminho aparente do Sol, que corresponde à faixa do Zodíaco. Acontece que Kunkle não pode ter descoberto isso agora porque isso já se sabe há muito tempo. Já afirmei acima: essa falsa polêmica há mais ou menos uns 15 ou 16 anos já tinha sido propagada em jornais, revistas e TV's. Aqui no Brasil, entre outros programas, a questão fora vista até mesmo numa audiência como a do Fantástico ou do Globo Repórter.

Uma baboseira que não considera que o zodíaco utilizado pelos astrólogos ocidentais é o zodíaco tropical, o que é concebido segundo as estações do ano em conformidade com o hemisfério norte, onde esse simbolismo se originou. O zodíaco tropical difere grandemente do zodíaco sideral, o das constelações, sendo que um e outro só coincidiram em parte cerca de dois mil anos antes da era comum e mesmo assim, como disse, não totalmente: o tamanho das constelações e dos signos nunca foram os mesmos, nunca houve uma equiparação total entre uma coisa e outra desde as primeiras concepções do zodíaco astrológico, excetuando-se os nomes das constelações que entre outros atributos, tinham algumas estrelas que serviam de referência para a mudança das estações e seu decorrer.

O zodíaco tropical é construído matemática e arbitrariamente de forma a ajustar-se a calendários como os caldaicos, sumerianos e egípcios, com seus 360 dias e 5 dias que miticamente se atribuíam ao influxo dos deuses no mundo criado (veja bibliografia ao final). Esses 360 dias são divididos por 12 em função de alguns princípios fundamentais, entre eles:
a) o ingresso de uma estação do ano, seu ponto culminante e sua transição para a estação seguinte, o que caracteriza uma divisão da estação em três períodos. São 4 estações, cada uma possuindo 3 períodos de um mês, resultando em 12 períodos de tempo divididos igualmente. A origem dessa divisão equânime obedece a uma concepção de universo e meio ambiente que parte dos sumerianos e de outros povos a eles próximos no tempo, cujas sociedades desenvolveram-se até atingir as chamadas "cidades-estado-hieráticas". Estas sociedades não apenas herdaram do paleo e do neolítico muitas práticas de sobrevivência e convivência, como sistematizaram e deram complexidade às concepções do sagrado. Assim, o universo é concebido por esses povos como uma espécie de manifestação da ordem divina sobre o caos, um elemento de inteligibilidade que permite, isomorficamente (por analogia), organizar a vida concreta abaixo do céu.

b) o próprio processo de formação desse zodíaco das estações do ano, que entre os sumérios obedece ao sistema sexagesimal por eles desenvolvido para calcular a passagem do tempo e, de certa forma, comungar com os deuses naquele período das primeiras produções escritas em cuneiforme. O dia de 24 horas é um múltiplo de 6 (6 X 4), enquanto a hora, com 60 minutos e tudo o que dali decorre pertence a essa concepção. A divisão por 12 do zodíaco provém dali, com seis eixos interdependentes marcados pelos signos e suas polaridades. Os gregos sistematizaram ainda mais o sistema de divisão do céu cujos princípios herdaram daquelas primeiras visões. Nota-se claramente uma contribuição do pensamento pitagórico na geometria e na divisão exata de 30 graus para cada signo, encaixando-os numa perfeita circunferência, que no final é uma forma de representação do infinito e de muitas considerações acerca de uma consciência divina.

Desse modo, a inclusão de um novo signo não possui a menor pertinência para esse modelo, que perderia todo e qualquer sentido na relação do ser humano e seu ambiente com o universo percebido. Mas é precisamente isso o que tal tipo de falsa descoberta quer incutir na mentalidade do leitor. Ora, a constelação do Esculápio, também conhecida como Ophiuco (o serpentário), já era conhecida dos astrólogos-astrônomos há milênios. Claudio Ptolomeu, que viveu no século II da era comum, e cujas obras, como o Tetrabiblos e o Almagesto, nortearam a astronomia até Copérnico, obviamente conhecia essa constelação, tanto que a incluiu, e às estrelas que a formam, em suas obras. Entretanto ele mantém a divisão hierática do céu zodiacal, mantendo Ophiuco junto às constelações não-zodiacais, até porque de fato apesar da proximidade e de uma parcela dessa constelação chegar a tocar a eclítica, grande parte dela está fora do "caminho do sol".
Sendo assim, as reportagens e o astrônomo que diz ter "descoberto" essa suposta "falha" no sistema astrológico estão completamente equivocados quanto ao próprio sistema astrológico e seu processo formador, sua lógica interna, sua linguagem, entre tantas outras características próprias da astrologia. Ao se tomarem por precisos e rigorosos com o modelo científico, estão, ao contrário, sendo totalmente a-científicos ao julgarem de antemão um tema que parecem desconhecer por completo.

Enfim, é como um geógrafo dizer para um médico que se ele não usar os conceitos geográficos sobre clima para curar um paciente epilético, jamais terá sucesso. Em outras palavras, não tem nada a ver.
Alguns astrônomos (não todos) parecem também querer assumir uma postura de deuses com tudo isso. Suas palavras seriam leis no sentido cósmico, que alteram processos conhecidos e fazem "deixar de funcionar" aquilo que decretam. Dúvidas muito semelhantes foram difundidas com a alteração da classificação de Plutão. Teve gente que achava que tinha que retirar tudo o que fora dito pelo astrólogo a respeito de Plutão porque os astrônomos decidiram que ele não era mais planeta. Com a retomada dessa velha e, repito, falsa polêmica, é mais ou menos a mesma coisa: os sujeitos só querem desacreditar astrólogos e tudo o mais, confundindo as estações. Nossa... que poder divino tem esse astrônomo...! Se for assim mesmo ele deveria candidatar-se a fundar uma nova religião, já que deve ser Deus ou algo parecido...


Seguem, abaixo, duas referências bibliográficas interessantes a respeito e de bem fácil aquisição:

CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus v. 2 e 3. São Paulo: Palas Athena, 2010.
STUCKRAD, Kocku von. História da astrologia: da Antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Globo, 2007


Carlos Hollanda"
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