Neste fim de ano uma amiga me mandou um livro que reune poesias de Carlos Drummond de Andrade.
Livros de poesia são estranhos, amados ou odiados, reservados para momentos de calma que são cada vez mais raros, prenhes de reflexão e ruminação posterior para serem bem aproveitados, muitas vezes acabam criando poeira na estante até que o tão específico estado de espírito se apresente. Tem outros livrinhos sortudos que viram companheiros de bolsa, de caminhada, cheios de orelhas e marcas que são a medida da apreciação, rugas de expressão em papel. E o poeta vive entre o empoeirado incompreendido e o amado indispensavel, gelo e fogo como no poema de Frost abaixo.
Eu creio que nem todos gostam de poesia porque poucos pensam em termos de poesia, poucos avaliam o quão fragil e forte um Hai Kai é ao mesmo tempo, e a linha sutil que existe entre a descrição de um momento e o retrato completo dele em poucas palavras que ficam marcadas na gente.
" Quando lhe falta o demonio e Deus não o socorre;
quando o homem é apenas homem
por si mesmo limitado,
em si mesmo refletido;
e flutua
vazio de julgamento
no espaço sem raízes;
e perde o eco
de seu passado,
a companhia de seu presente
a semente de seu futuro;
quando está propriamente nu;
e o jogo, feito
até a ultima cartada da jogada.
Quando. Quando." Carlos Drummond de Andrade
"Some say the world will end in fire
Some say in ice.
From what I have tasted of desire
I hold with those who favor fire,
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To say that for destruction ice
Is also great,
And would suffice." Robert Frost
(alguns dizem que o mundo vai terminar em fogo
alguns em gelo
pelo que já vi do desejo
concordo com aqueles que votam no fogo
mas se tivesse que perecer duas vezes
penso que sei bastante sobre o ódio
para dizer que para destruir o gelo tambem é otimo
e suficiente.)
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