quarta-feira, 20 de abril de 2011

dia do indio

ontem foi Dia do indio, mas por algum motivo os deuses do espaço astral virtual não quiseram que eu conseguisse publicar este post.

Bom, antes de mais nada, eles não são indios, isso é coisa de portugues.... todos que não eram europeus os colonizadores ( ingleses tambem) chamavam de indios (= "vindos da India") e graças a este costume até hoje é um saco fazer pesquisa sobre indigenas no google, porque voce digita indians e vem aquele monte de coisas sobre a India. Como nos EUA os chamam de native americans, acho que nativo-brasileiros caberia bem.

No Brasil, segundo o site da Funai, ainda existem 55 grupos de populações indigenas completamente isolados, que nunca tiveram contato com brancos e de quem pouquissimo se sabe. Sortudos.


Temos 215 sociedades indigenas diferentes, que falam um total de 180 linguas, e pertencem a 30 familias etnicas, e sabe Deus quantos grupos foram totalmente extintos nos ultimos 500 anos, hoje eles são 0,2% da população. Aqui há informações sobre cada grupo.

Uma das coisas mais complicadas que ainda existe no Brasil é a situação de tutela legal, que diminue a cidadania dos indigenas em alguns casos e protege em outros, porque a situação de cada grupo em termos culturais e economicos é diferente. Como eu não falo legalês, aqui está o site onde explicam isso, e mais este aqui onde a situação legal dos indigena brasileiro é explicada por um advogado indigena.

Nossos indigenas controlam uma área de terras onde caberiam varios países, quando será que vão começar a abrir cassinos e hoteis como as tribos americanas? Veja a quantidade de terras... estes 0,2% de população controlam 108.833.526 hectares de terras ( algumas com uso exclusivo, outras compartilhado, mas ninguem pode negar que são definitivamente latifundiários), que somam 22% da área da Amazonia Legal. 
Como eles controlam varias fronteiras, existe todo um problema de segurança e soberania nacional .
Existe outra injustiça na distribuição da demarcação de terras, a grande tribo Guarani, por exemplo, que se espallha pela região sudeste, Argentina e Paraguay,  é numerosa e muito presente culturalmente,  mas não tem terras!  Tiveram o azar de ficar nos lugares de terra mais cara do Brasil...

Muita informação pode ser encontrada no site Amazonia Legal.

A coisa toda se resume em:
1. não pense que eles são infantis, ingenuos ou incapazes, eles querem o respeito a que teem direito, inclusive legal.
2. não confunda o modo de vida simples deles com o conceito de "primitivo", esta antropologia do desespero já era há mais de 40 anos.
3. não pense que todo o interesse que as ONGs internacionais e até mesmo nosso governo teem neles se resumem a conceder este mereceido respeito, todo mundo está de olho nos minerais, recursos biologicos e fronteiras que eles controlam.
4. eles não teem obrigação nenhuma de consertar as besteiras que os paises ditos "ricos e evoluidos" fizeram destruindo seus recursos naturais e seus proprios povos indigenas, eles teem a vida deles para viver, e os outros que paguem pelos seus erros em seus proprios territorios, e tratem melhor seus proprios indigenas.

enfim, isso aqui não é um texto, é apenas uma pesquisa... eu queria saber a quantas anda ser indigena no Brasil de hoje, e me pareceu que não mudou muita coisa...
Ah, eu obtive informações acuradas e fantasticas sobre nossos indigenas nos sites da Deutsche Welle da embaixada da Noruega, mas não consegui entrar no site da Funai....  parece que a maldição da colonia portuguesa continua ativa... péssima ideia terem expulsado os holandeses.
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quarta-feira, 13 de abril de 2011

apenas mais um dia

Bom, eu já confessei aqui que leio o dicionario e enciclopedias, aleatoriamente, mas nunca tinha tentado o calendario.  Hoje é 13 de Abril, então coloquei a data no São Google ( todo dia á dia de São Google) e fiquei surpresa com tanta coisa que aconteceu neste dia.


Primeiro as coisas boas: hoje é o
Dia Internacional do Beijo!!!!! 
( dispensa comentarios)




Outras curiosidades de calendarios: é dia de Ano Novo na Tailandia, extremamente importante para quem mora na Tailandia,  fala Tailandes, e hoje pode encher a cara, faltar ao trabalho, e pensar que as coisas vão melhorar enquanto o efeito do alcool não passa.

Agora os nascimentos de famosos:
. Catarina de Medici - nossa, tem tanta historia por tras deste nome que fica dificil resumir...  vamos dizer que ela era poderosa, venenosa, dura de matar e melhor governante do que o marido rei e os 4 filhos reis, que morreram todos antes dela. Voltamos a ela outro dia.
. Thomas Jefferson - outro que vale a pena comentar mais tarde
. Butch Cassidy ( o pistoleiro)
.Arthur Harris, comandante da RAF durante a Segunda Guerra Mundial, carinhosamente chamado de Bomber Harris pelos subordinados, pai da operação maluca que levava todas as noites bombardeiros da Inglaterra até o coração da Alemanha.. (ele disse: " Os nazis entraram nesta guerra com a ilusão um tanto infantil de que vão bombardear todo o mundo e ninguem vai bombardea-los. Eles plantaram vento, e agora vão colher tempestade.")

Eventos historicos:
- liberdade religiosa em 1598 quando henrique IV da França decidiu que a religião dos protestantes Calvinistas era permtida na França, e depois em 1829 quando o parlamento ingles reconheceu a religião Catolica Romana.
- Dom Pedro I assinou sua abdicação e saiu do Brasil
- Primeira execução do Hino Nacional Brasileiro
- explodiu o tanque de combustivel da nave Apolo 13 em 1970 ( Houston, we have a problem)

ah, os santos do dia, todo dia tem santos...
Santo Hermenegildo, um martir da Espanha que nasceu em 564 na familia real visigotica, conhecido como o patrono dos convertidos
São Martinho, um italiano que foi Papa por apenas 6 anos, 4 dos quais passou na masmorra, porque tentou fazer mudanças no canon de textos aceitos pela Igreja, aceitando tambem os que diziam que Jesus tinha uma natureza humana junto à sua natureza divina.


e tudo isso num dia 13 de Abril, que amanheceu tão simples e ninguem dava nada por ele.
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quarta-feira, 6 de abril de 2011

dream catcher


terminei na semana passada meu projeto dreamcatcher... ele pode não ter ficado tão bonito quanto os originais nativo americanos, e é bom lembrar que não teve todos os passos rituais em sua produção, mas mesmo assim é um orgulho, e um memorial.

como se acredita que os sonhos "vagam" pelo espaço, tudo que voa pode ancora-los, e a teia de aranha pode filtrar para deixar passar apenas os bons.

as penas rajadas do centro vieram de um jovem gavião que resgatamos na pousada Vila Verde, as outras todas vieram do entorno das gaiolas do Bosque dos Jequitibás, são de araras, papagaios, aves de rapina e até pombas comuns.

as sementes que voam são aquelas sementes-helicoptero que caem das árvores fazendo movimentos espirais.

o circulo de suporte foi feito com cipós recolhidos após a poda de manutenção, porque o cipó é um caule aéreo.

a "teia" de aranha que se vê deve ter sido assim a 50º tentativa, mesmo depois de ver um tutorial no you tube... e ainda assim meio que parece que a aranha estava bebada... mas consegui.

só não sei se funciona....

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crise do Japão

Recebi de uma amiga esta mensagem de autoria da Monja Coen, sobre a catastrofe que abateu o Japão...  eu sempre digo que aprender uma lingua é aprender a maneira de um povo inteiro pensar e agir... então vai aqui uma lição de japones.

"Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro.
Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência.

Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?

Outra palavra é gaman: aguentar, suportar. Educação para ser capaz de suportar dificuldades e superá-las.

Assim, os eventos de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo de duas maneiras. A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima. A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas. Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.

Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém. Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área. As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.

Não furaram as filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos – mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica, alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água.
Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.

Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques. Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam. Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão.

Sumimasen é outra palavra chave. Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver. Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta. Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo. Sumimasem.

Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.
O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei. Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto.

Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico. As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.

Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.

Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas. Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.

Aprendemos com essa tragédia o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória, nada é seguro neste mundo, tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.

Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra. O planeta tem seu próprio movimento e vida. Estamos na superfície, na casquinha mais fina. Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos. O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos. E isso já é uma tarefa e tanto.

Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.
Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março.

Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar.

Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas. Todas eram e são pessoas de meu conhecimento. Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência. Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.

Mãos em prece (gassho)

Monja Coen



Missionária oficial da tradição Soto Shu – Zen Budismo com sede no Japão, é a Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista, criada em 2001, com sede em Pacaembu. Iniciou seus estudos budistas no Zen Center of Los Angeles – ZCLA. Foi ordenada monja em 1983, mesmo ano em que foi para o Japão aonde permaneceu por 12 anos sendo oito dos primeiros anos no Convento Zen Budista de Nagoia, Aichi Senmon Nisodo e Tokubetsu Nisodo.

Retornou ao Brasil em 1995, e liderou as atividades no Templo Busshinji, bairro da Liberdade, em São Paulo. Foi, em 1997, a primeira mulher e primeira pessoa de origem não japonesa a assumir a Presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil, por um ano. Participa de encontros educacionais, inter religiosos e promove a Caminhada Zen, em parques públicos, com o objetivo de divulgação do princípio da não violência e a criação de culturas de paz, justiça, cura da Terra e de todos os seres vivos.

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