sexta-feira, 26 de novembro de 2010

escritoras


Há certas pessoas que conseguem entrelaçar palavras e formar mais do que uma tapeçaria bonita,  conseguem que o bordado traduza a alma humana.   Charlote Bronte é uma delas, sua irmã Emily outra.

Selecionei alguns paragrafos da leitura da semana, "Jane Eyre", parte do prólogo da segunda edição do romance que fala de uma garota que escapou às regras da moralidade vitoriana, e cuja primeira edição passou por vigorosa critica da Igreja  e dos moralistas da época.  Devido à essa mesma mentalidade, Charlotte publicou o livro sob um pseudonimo masculino, Currer Bell.

"Convencionalismo não é moralidade.  Farisaísmo não é religião. Atacar os primeiros não é agredir os últimos.
Arrancar a mascara de um fariseu não é erguer mão impia contra a Coroa de Espinhos. Estas coisas e fatos são diametralmente opostos; tão distintos como o vício é da  virtude. As pessoasmuitas vezes os confundem e não se deve confundi-los; não se deve tomar a aparencia pela verdade, não se deve substituir o Credo de Cristo, que redime o mundo,  por tacanhas doutrinas humanas que tendem a  ensoberbar e glorificar uns poucos.
Existe, repito, uma diferença , e é uma boa ação e não má estabelecer ampla e nitidamente uma linha de separação entre eles. 
O mundo talvez não goste de ver estas ideias separadas, porque está a acostumado a confundi-las, achando conveniente fazer a aparencia externa passar por valor autentico - como fazer paredes caiadas passarem por santuarios limpos.  Talvez odeie aquele que ousa examinar e denunciar,  descascar o dourado e mostrar o vil metal por baixo,  penetrar no sepulcro e revelar reliquias carnais; porem, por mais que o odeie, tem uma divida com ele."

Aqui outro trecho onde ela critica a mentalidade vitoriana que dizia que mulheres não precisam estudar nem devem ter uma vida ativa:

"É inutil dizer que os seres humanos devem satisfazer-se com a tranquilidade; eles precisam de ação, e a criarão se não puderem encontra-la. Milhões são condenados a uma sorte mais parada do que a minha, e milhões estão em silenciosa revolta contra seu destino.  Ninguem sabe quantas rebeliões politicas fermentam nas massas de vida que povoam a Terra. Supõe-se que as mulheres são muito calmas em geral, mas elas sentem da mesma forma que os homens; precisam tanto do exercicio para suas faculdades, e de um campo para seus esforços, quanto seus irmãos; sofrem com uma contenção demasiado rigida, uma estagnação demasiado absoluta, exatamente como os homens sofreriam; e é tacanhez das criaturas irmãs mais privilegiadas dizier que elas devem limitar-se a fazer pudins e tricotar meias, a tocar piano e bordar toalhas. É impensado condena-las ou rir delas, se buscam fazer mais ou aprender mais que o que os costumes decretam ser necesário para o seu sexo."
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