quinta-feira, 7 de julho de 2011

brave new world

Eu tenho pensado muito em como usamos nosso tempo, perdemos nosso tempo, aproveitamos nosso tempo.
Quando eu era  jovem, na IV Dinastia, estudávamos, praticávamos esportes, e os que gostavam liam.
Ler toma tempo. Mas quem aprende a ser gente sem ler?

A geração antes dos meus filhos começou a  jogar RPG. Era um encontro semanal, estudavam um manual complicado.  Agora eles jogam online, jogos com um apelo gráfico inacreditavel para os fósseis da minha época.

Os da moda agora são Ultimaonline, Team Fortress, DukeNuken, Leftfordead.
Os jovens levam horas para baixar, ler os manuais que são verdadeiros calhamaços, e depois horas e horas e horas jogando. Eles têm saco de ler um manual de jogo de 400 páginas, e têm orgulho de fazer parte da comunidade do orkut "nunca li um livro".

Se eu pegar qualquer um deles como exemplo, ele terá 10 vezes mais horas de jogo do que de faculdade.
 Estas horas deveriam constar obrigatoriamente nos curriculuns.
O provavel empregador vai ter um  mercenário virtual, ou um matador virtual de trolls, ou  um construtor virtual trabalhando para ele, que não sabe quem é Woody Allen, e pensa que Fernando Pessoa é um avatar com 23 faces diferentes, que Che Guevara é um desenho legal de um cara de boina em camisetas. O Conde de Montecristo é um tipo de charuto que o pessoal descolado contrabandeia de Havana.  A guerra do Vietnã foi um cenario criado para os filmes do Rambo. Júlio Cesar é o goleiro da seleção.

Oito horas por dia em que ele não leu, nem livros tecnicos nem qualquer outra coisa que injetasse cultura, ele tem um cérebro virtual, uma agilidade e pontaria fenomenais, virtuais. Habilidade de pilotagem, virtual. Ele sabe passar de nível, ressuscitar, descobrir magias e poções escondidas, virtuais.
Ele não tira a bunda da cadeira do computador. Vai fazer sexo virtual quando crescer.
Aliás, crescer, não, ficar mais velho.
O maior perigo que esta geração corre é o de repetir grandes erros do passado da humanidade, porque nunca  se informaram sobre o passado, as pessoas que foram importantes nele.


A compartimentalização das profissões hoje gera a necessidade de anos e muitas horas de estudos. Um neurocirurgião vai fazer 6 anos de medicina, uns outros tantos de residencia e especialização. Ele opera cérebros. E se quando você chegar na emergencia com um AVC este cara tiver passado 8 horas por dia matando alliens com um joystick?


Bom, daí tem o vício dos que não jogam, a internet.
Tem gente que chega no escritorio e abre a caixa de emails, onde dezenas de amigos mandaram aqueles powerpoints bregas. Eles assistem todos, reenviam para outros amigos que estão "trabalhando" em outros lugares, e olha só que legal, já é hora do almoço!!!!
Uma pessoa com interesses moderados tem que passar pelo menos duas horas na internet, checando as novidades, a resenha dos capitulos das series de TV, as fofocas da TV, os resultados do futebol, alguns links do you tube que estão ON, o resultado da votação do Big Brother.

E outros perdem tempo escrevendo estas baboseiras em blogs.

Em tempo
"brave new world" é uma frase de Shakespeare, da peça A Tempestade, que fala de um naufragio numa ilha do Novo Mundo. Ele diz "Oh brave new world, that has such people in it" se referindo a um congregado de pessoas de origens e status diferentes vivendo integradas num mesmo lugar.

O escritor George Orwell a usou no inicio do seu livro 1984, onde fala de um novo mundo criado artificialmente onde todos são controlados por um mega computador e a reprodução humana só acontece in vitro, fazendo seleção genetica de castas definidas.
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