sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

campos da fartura


Estava lendo um livro sobre Shamanismo das tradições indias norte americanas e me surpreendi com a imagem de indios iroqueses carregando cestos em forma de cornucopias, cheios de frutas e legumes para presentear os colonos ingleses que estavam passando fome... (cara, isso é que se chama alimentar um crocodilo! ... tadinhos).

Mas voltando ao ponto, como eles tinham na sua mitologia a imagem da cornucopia como fonte de abundancia, que já existia na Grecia antiga e em separado entre os celtas?

Momento pesquisa.

Na Grecia as cornucopias tinham esta forma por causa do chifre da cabra Amalteia, que amamentou o poderoso Zeus quando ele foi abandonado pela mãe numa caverna. Então, os gregos viam na cornucopia uma forma de chifre.

Os celtas tambem viam em seus mitos chifres provendo abundancia, por causa do deus Cernunno, o deus chifrudo (no bom sentido) que regia e protegia a natureza. O chifre de Cernunno, então, era simbolo da fartura da natureza.


Mas e os indios Iroqueses, na América, isolados, que nunca souberam do que aconteceu com Zeus, nem nunca viram um deus chifrudo?

Interessantissimo!
Os iroqueses, bem como quase todos os grupos indigenas americanos, acreditam no Campo da Fartura. Uma noção altamente cabalistica de que toda a abundancia já existe em forma de ideia num lugar onde o criador está, e basta ser canalizada para que se manifeste na terra.

Eles não viam na cornucopia a forma de um chifre, viam um tornado invertido.
Os tornados, com seu vertice menor no chão, levam embora a materia, destroem, matam. Então, um tornado invertido, com seu vertice menor no campo da Fartura, carregaria de lá para baixo, para nosso mundo, a fartura, os bens e alimentos.


Está aí uma prova de como pode ser traiçoeira a interpretação de um achado antropológico, como pode enganar as pessoas sem que se conheça o contexto cultural onde ele se criou. E as mumias ainda acabam escrevendo longos livros sobre os mal entendidos...
... ou os próprios povos nativos se estrepam, como os astecas, que tinham no mito de Quetzalcoatl um salvador barbado que ia voltar pelo mar e quando viram Cortez (uma flor de pessoa) chegando "assumiram" que ele era o "messias serpente emplumada"! (falando em alimentar crocodilos....)

Os gregos, celtas e nativos norte americano viam a mesma imagem como fonte de abundancia apenas por coincidencia, pois isso era fundamentado em mitos completamente diferentes.

PS será que quando viu que o filho ficou rico e poderoso a mãe de Zeus voltou e se disse arrependida?
Mocréia!

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário