sexta-feira, 11 de março de 2011

filhos e discursos

Ontem foi um dia de comemorações. Meus 51 anos e a formatura do meu filho jornalista, a primeira da familia.

Nos momentos de insonia repensei os discursos da formatura, as carinhas lá em cima dos 200 jovens recem  "soltos"no mundo, a minha idade e tudo o mais que fica no meio de tudo isso... até a carinhosa fatia de pizza coberta de sorvete rosa e confetes de chocolate proporcionada pelos filhos e amigos do filho mais velho depois do evento. Todo mundo merece um mini bolo de pizza rosa decorado com confetes e um garçom cantando bem alto "parabens Dona Paula", pelo menos uma vez na vida... foi muito divertido    Mas foi um aniversário onde não era tudo sobre mim, e sim o dia do meu filho.

Primeiro de tudo, de que adianta fazer discursos?
Cada orador tem suas insanidades particulares.... o uso excessivo de linguagem complicada, muita informação irrelevante, nenhum senso de timing...  antes de subir num pulpito todo mundo devia fazer um curso de stand up comedy, só quem sobrevive os primeiros 15 minutos de vaias pode prosseguir. Tem o estilo intelectual, o cowboy, o estilo pregador, o estilo comediante, o chato, o introvertido (e note-se que neste caso especifico são TODOS doutores em comunicação...santa ironia)... e  haja saco para acabar a colação de grau. O único consolo é saber que o "Magnifico", o cara do chapéu de abajour lá em cima, passa por cerca de 15 eventos como este durante 40 dias, todo ano...com uma roupa que lembra um botijão de gás..... reitor sooooofre!

Infelizmente, os jovens nesta fase de vida pouco ouvem a experiencia, e isso faz parte de ser humano, desde a idade da pedra os ogros devem ter tentado passar conceitos pré digeridos para os filhotes sem sucesso. No meu tempo (lá pela IV dinastia) se dizia que a faculdade INforma, não forma, porque a experiencia é imprescindivel.
É mais ou menos como voce dar a jovens soldados um cursinho rapido de 15 dias, coloca-los num avião e depois de 36 horas miseraveis eles desembarcarem no Iraque para sobreviver... ninguem faz isso...oooops, tem gente que faz sim.
O coração da gente fica apertado, porque depois de tantos anos de vida sabemos quantos caminhos escuros, sustos, desvios, tropeços e destinos ele precisarão traçar, e sabemos que não podemos fazer isso por eles.   Ah se eu olhasse para minha perspectiva profissional naquele dia da formatura com tudo que sei hoje...

Mas voltando ao discurso, eu penso que quanto mais curto melhor, se voce colocar uma linha de pensamento naquele monte de cabecinhas ocas que fique lá por uns 20 anos, já valeu, e se esta linha contiver uma mensagem que realmente seja util para eles, foi perfeito.
Nunca me esqueci de Thimoty Leary: "turn in, turn on and drop out!" Não que seja a melhor das mensagens, mas a embalagem de delivery foi perfeita!

Mas há outras facetas de discurso, que dispensamos aos filhos a vida toda, enquanto crescem... se ouvirem os pais falando preconceituosamente, tenderão a repetir a fala... e por aí vai.  Quanto de bom e de ruim das nossas cabeças passamos para eles?  Que tipo de exemplo demos? Minha mãe falava 2 coisas sobre educação de filhos:
1. ninguem pode dar o que não tem;
2. voce pode dar tudo que tem, mas ele precisa assimilar!

Esta turma das ciencias das comunicações ( jornalismo, marketing, etc) está saindo do forno num momento dificil em termos de emprego, e mais dificil ainda em termos de alinhamento de conduta...  todos eles em seus corações são cavaleiros da verdade e da informação... mas o que a vida lhes reserva?
Pelo que venho ruminando a tal da "coisa" do "politicamente correto" não fica nada a dever ao falso puritanismo vitoriano que cerceou a educação e a comunicação em geral por 200 anos.... a gente tem que ter tantos cuidados e desvios para falar só o que não pode ser criticado que no fundo a boa e velha mensagem do F... You!  virou "por gentileza, queira se auto erotizar".... e tem horas em que o bom e velho soar da lingua é a unica coisa entre voce e o retrato da vida como uma parede falsa, branca, lisa, de papel.
O que nos resta, aos pais dos soldados jornalistas e cavaleiros da verdade, é rezar para que não nos voltem um dia para casa mutilados, seja em sua liberdade de expressão, de pensamento, ou até mesmo na fé que depositam na humanidade.

Eis meu discurso para esta turma de jovens que conheci e apreciei, descaradamente roubado de Gandhi:
"Viva como se fosse morrer amanhã.
Aprenda como se fosse viver para sempre."


Porque quem não tem arrependimentos e aprende todo dia pode resolver todo o resto, melhorar a si mesmo e ao mundo em redor.
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