sábado, 4 de julho de 2009

formigas e utopia

Hoje assistindo na globo o filme ANTZ, sobre uma formiga filosófica que é diferente das outras e acaba levando o formigueiro a mudar de vida, uma cena me chamou a atenção...
Z, a formiguinha diferente, fugiu do formigueiro para procurar Utopia, um lugar onde haveria comida e segurança.... Bem, quando ele encontrou a SUA utopia, era um parque onde os humanos fazem picnics, e consequentemente largam montes de comida no chão. O paraíso de Z era um monte de pedaços de sanduíches, frutas, e latas de refrigerante espalhados na grama, que para nós seria um lixão.

O termo Utopia foi criado por Thomas More, num livro onde ele falava de uma ilha em que a sociedade era perfeita e a vida era só prazer. Usou o termo utopos do grego, que significa na verdade lugar nenhum. By the way, ele foi um escritor brilhante, teólogo, jurista, filósofo, e morreu decapitado na Torre de Londres porque se recusou a aceitar que Henrique VIII ( que ele praticamente ajudou a criar) fosse o chefe da Igreja por conveniência.
Esse rodeio todo é para elaborar o fato de que cada um de nós tem sua própria Utopia na cabeça, sua própria Terra Perfeita, usando outro termo. Para as formigas, é o local de picnics, pra cada um de nós é um lugar onde achamos que haverá mais abundância, mais paz, mais pessoas queridas que não nos trazem problemas e sempre concordam conosco. O imigrante quer voltar para casa e lembra somente das coisas boas que haviam lá. Os que estão lá sonham em vir para cá. Os brasileiros sonham em ir para o exterior. Os que já estão lá sonham em voltar. Em resumo, o ser humano está sempre insatisfeito com o lugar onde está agora, e a grama do lugar da imaginação dele é sempre mais verde, perene.
Os que vão se aposentar sonham com uma casa na praia, e quando estão lá acham que dá trabalho demais, e fica longe de " tudo".
More realmente acreditava que era um modelo de sociedade possível de ser criado, na ilha de Utopia não existe propriedade particular, o interesse privado só é aceito se for de interesse da maioria, existe um deus parecido com o nosso, existe uma casta de párias, que fazem trabalhos escravos até que paguem pelos seus crimes e então voltam a ser cidadãos de direito. Bom, tirando a presença de um deus, parece que a revolução russa já tentou isso, e esbarrou no fato de que a humanidade é composta de seres humanos, que ao que tudo indica não conseguem viver em estado de permanente felicidade se não tiverem como mostrar que são melhores que os outros em alguma coisa, principalmente pelo que possuem.
O filme, se tivesse mais uma hora de duração, acabaria mostrando que algumas formigas se apossaram do local de restos de comida e começaram a cobrar entradas e a revender os produtos com lucro de 300%, outras formigas começaram a vender um serviço de proteção para as formigas comerciantes, e as formigas comuns quase não iam até lá, porque o salário delas não dava para comer fora.
Porque formiga de filme também é gente.

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