

Ora, direis, mas como se moras a menos de 40 km dele?
Ora, respondo... sou uma eremita (hellooooo a palavra retiro diz alguma coisa?), raramente saio de casa... e esta não é uma saudade lógica, mesmo, posso ir até lá que vou continuar com este buraco no peito, onde falta alguma coisa.
Estes dias no blog de um amigo ele discutia a saudade... o que é saudade...
As pessoas são tão diferentes umas das outras, que mesmo que se convencione uma definição da palavra saudade, com certeza não será sempre o mesmo sentimento que ela define. Até mesmo duas pessoas que partilharam uma mesma coisa terão saudades diferentes daquilo.
Às vezes a gente confunde saudade com nostalgia, ou será que são a mesma coisa?
A saudade é tão complicada, que muitas línguas não têm uma única palavra para defini-la, e algumas na verdade não têm nenhuma palavra para ela. Ela simplesmente existe. Aumenta e diminue ao seu próprio ritmo, tem vida e identidade próprias. E fica ali. Escondida, matreira, pronta para "aparecer" a qualquer momento.
O deus do Mar, Netuno / Poseidon não era do tipo tranquilo e facil de lidar, da mesma forma que o mar não é tranquilo, muda de cara e de humor a cada hora e mesmo nas horas de tranquilidade encerra perigos escondidos.
Neste aspecto, o mar e a saudade são iguais.... mesmo quando parece que ela está tranquila, há perigos escondidos nela.
O mar é lembrança genética mais antiga que temos, ele está em nosso corpo, em nossas veias, porque a água que existe no corpo das criaturas do reino animal é água salgada, como o mar de onde todas elas se originaram. Equivale a dizer que para poder viver fora do mar, elas tiveram que ir evoluindo um casulo (corpo) que contivesse a água do mar e pudesse andar por aí.
Resumindo, parece que o mar de uma certa forma desperta saudades diversas nas pessoas, mesmo nas normais, e que o próprio mar é um retrato do que é a saudade: grande, às vezes silenciosa, às vezes chorosa, contendo marés de ação e reação que de vez em quando voltam a bater na nossa praia, mistérios profundos e surpresas, mas de uma beleza incrível e misteriosa que está em nossas veias, para sempre.
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Gostei dessa sua saudade transcendental. Como vou continuar revendo o assunto (saudade) no blog, vou usar um pouco disso e do seu comentário lá, que está rico. Sobre a sua citação do mar, lembrei de Pessoa (meio óbvio, né?)
ResponderExcluirMAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
acho que ESTA é a frase:
ResponderExcluir"Quem quiser passar além do Bojador, tem que passar além da dor."
É isso que é saudade, é você ter passado além da dor, mas não sem antes ela ter deixado marcas, que como fraturas antigas, de vez em quando doem conforme muda o clima e quando a gente fica muito tempo perto do mar.
*smile*