segunda-feira, 12 de outubro de 2009

flores do campo e pequenas coisas


Ontem uma amiga que leu os posts intitulados Flores Silvestres me escreveu dizendo: nossa eu sempre vi estas florzinhas em toda parte, e nunca percebi que eram tantas diferentes, para mim sempre pareceram todas iguais!

Bem, eu pensei, isso tambem acontecia comigo, até eu vir para o retiro...

Daí é que eu entendi a diferença: ela ainda está vivendo aquela vida loka de mãe-empresária-universitária em São Paulo, exatamente como eu vivia (e ela ainda acha tempo para trabalho voluntário social regular!).

E COMO, pergunto, uma mulher sensível e sensata cheia de responsabilidades e cobranças pode encarar dupla, às vezes até tripla jornada numa cidade doida, e ainda conseguir ver as pequenas diferenças que existem entre as pequenas coisas?

Me lembrei de uma frase de Mark Twain: "cuidado com a superficialidade de uma vida muito ocupada." Claro que não é uma superficialidade intencional, mesmo porque minha amiga é como eu, uma pessoa que gosta de ver e entender o sentido das coisas.... simplesmente não tem tempo.

Parece que hoje em dia nós todos lutamos muito, nos cansamos e desgastamos.... e tudo isso apenas para manter o sistema funcionando... ele vai sobreviver a nós, e não vai se importar nem um pouco com o que perdemos, o que devíamos ter percebido, o que devíamos ter vivido, o tempo que não brincamos com nossas crianças, a atenção que não demos aos nossos amados. Como esta mesma amiga descobriu anos atrás, a empresa da qual voce veste a camisa, pela qual se mata e onde engole toneladas de sapos para galgar um posto, bem, em uma renunião de 15 minutos ela pode decidir que o seu perfil não se coaduna com a nova imagem que ela quer passar ao público, e voce é descartado sem a menor cerimônia. Ela vai sobreviver, como sempre.

E esse tempo perdido, as florzinhas e o vôo dos pássaros que não vimos vão ser debitados na conta de "cortes por prioridade" com que organizamos nossos dias ocupadíssimos, que de tão cheios ficam vazios.


Mesmo que eu tenha que abandonar o retiro, vou levar comigo esse tempo que eu me dei, essas pequenas coisas que eu aprendi a ver e prezar, as pessoas simples e sinceras que eu conheci.

E lá vai mais um mato daqui (acho que esta é a espécie numero 20, infelizmente ainda não tenho nomes para elas) :


Me invejem!
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