quinta-feira, 22 de outubro de 2009

volta à questão da ordem

Depois do post sobre o caos das pessoas que guardam coisas e tranqueiras em casa, e talvez por dentro, um amigo de longa data fez o comentário:
"Sugiro que a partir de agora guardemos somente as boas recordações, os bons amigos, os bons momentos... enfim apenas coisas que nos dão prazer... reservemos sempre espaço para isto..."

Eu ia acrescentar um comentario depois do dele, mas acabei vindo para fazer outra postagem, porque percebi aí uma grande diferença entre as pessoas, ou talvez, entre mentes diferentes.

É totalmente positivo guardar apenas boas lembranças, não guardar mágoas, nem se lembrar de coisas que foram difíceis ou dolorosas... mas eu acredito que mesmo tendo esta atitude de forma consciente, é o contraponto destes bons momentos, que ficou no nosso incosnciente, que nos faz valoriza-los.

No fundo, mesmo, do baú, ainda que escolhamos ver as boas fotos, estarão lá tambem as ruins, que de certa forma servem como referência para ajustar nosso foco diante da vida depois de "alguns" anos de experiência. Não estou achando nada mal o patamar dos 50 que se aproxima... aprendi a ver a idade não como inimiga, mas como uma mudaça de nível no video game da vida, que nos permite ver as coisas de um patamar mais alto.

Toda planta, como a vemos hoje, é resultados de ciclos de seca e de chuvas.
Todo relacionamento novo vai carregar em si o que foi aprendido em experiencias ruins, daí muita gente acredita que os "amores de outono", na vida de pessoas maduras, são os que têm mais chance de dar certo.

Acho que sempre existem pelo menos 2 escolhas em tudo, e neste caso talvez sejam mesmo 3:
- apagar tudo que foi ruim, e só ficar com o bom
- apagar tudo de bom e só ficar com o ruim
- conservar bom e ruim lado a lado, e andar no caminho do meio

A primeira é uma escolha de vida de pessoas leves, bem humoradas, como sempre foi certamente meu querido amigo, pessoas que sempre trazem luz para a vida dos que estão em volta, mesmo diante das maiores dificuldades. Otimista, positivo.
A segunda é a escolha do Urtigão, um personagem de cartoon que sempre vê o pior em tudo e em todos, carrega sobre sua própria cabeça uma nuvenzinha de chuva e trovoadas e na mão um bacamarte. Crítico, cético, pessimista.

A terceira, se eu tivesse que qualificar, talvez chamasse a escolha do guerreiro.
Um velho guerreiro que prefere ostentar as cicatrizes das guerras que já lutou e usa o que aprendeu delas em sua novas batalhas.
Nunca vai ser leve, nem pesado. Nunca vai ter toda a luz, nem todas as trevas.
Ninguem pode ser treinado para antecipar a maldade e a dor dos outros e permanecer otimista. Mas o que aprendeu ao sofrer estes golpes ele pode usar para que outras pessoas não tenham que sofrer a mesma dor, então não é pessimista, porque as suas cicatrizes lhe dão o poder de combater as trevas.
Talvez seja o caminho que seguem as pessoas que lidam com sofredores, como os médicos, enfermeiros, terapeutas, com certeza é o caminho das mães, dos líderes dedicados, talvez dos religiosos mais inspirados. Realista, prevenido, alerta. Certamente é o caminho dos signos de Escorpião e Peixes.

De todo jeito, haja espaço no baú para guardar tranqueiras, porque
o primeiro tem que guardar o Sol,
o segundo a Tempestade,
e o terceiro a Espada e o Escudo.

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