terça-feira, 9 de junho de 2009

Lei da Lógica

Vivemos um tempo em que, depois da era que valorizou apenas a ciencia e a especialização, só é considerado válido um argumento respaldado por uma destas 2 coisas. É frequente vermos em noticias e discussões o uso de argumentos que dão uma aparência sólida a um raciocínio, mas não resistem a uma investigação.

Eis alguns deles:
Argumentum ad verecundiam ou argumentum magister dixit: é um apelo à autoridade, se um especialista de Harvard disse, então é verdade... mas ninguém foi verificar que o cara é especializado em nutrição e está sendo citado num artigo sobre engenharia! Em resumo: QUEM fala é mais importante do que o QUE é dito.

Argumentum ad antiquitatem: sempre foi assim, tem sido assim há milênios, porque está errado? Escutei muito isso quando comecei a clinicar, as pessoas me diziam: sempre alimentei meus cachorros com fubá, e eles sempre foram uns touros de fortes, porque está errado?
Essa frequentemente é citada tambem por pessoas que usam como base livros antigos ou teses bem aceitas na comunidade científica (e aí existe uma máfia em ação), como foi o caso do "cientista" que rebateu as teses de Darwin perante um tribunal de "pares".

Argumentum ad novitatem: o que é novo é sempre melhor. O antibiótico de ultima geração pode não ser o melhor tratamento para sua doença, mas se é novo, deve ser melhor e o médico receita. O modelo mais novo de carro deve ser melhor, etc etc

Tem a outra face da moeda: o que voce diz não pode estar certo porque a fonte não é confiável! Argumentum ad hominem: qualquer advogado criminal sabe que manchar a reputação de uma testemunha é tiro certo para anular o efeito do depoimento dela. O engraçado é que ninguem olha se a "mancha" de caráter da pessoa que emite a opinião tem relação com o problema em questão.... qualquer preconceito da sociedade onde esta pessoa está sendo julgada é válido para anular sua afirmação, por exemplo em países árabes diminuir a validade do testemunho se for de uma mulher.

Mas existe um perigo maior, que age de forma mais discreta e perigosa: os recortes manipuladores. Frases de pessoas famosas ou doutores em algum assunto, recortadas do texto e do contexto original e citadas como suporte para teorias ou afirmações que na verdade não teem nada a ver com o que ele quis dizer originalmente. Muitas pessoas citam frases de Jung mas nunca leram nada que ele escreveu, e vai por aí afora.
Aconteceu isso num manifesto anos atrás, sobre aquecimento global, onde um cientista famoso foi citado defendendo uma questão, sendo que o que ele pregava era exatamente o oposto... ele acreditava que o aquecimento já está se resolvendo naturalmente, e foi citado para apoiar um informe alarmista de que o aquecimento está fora de controle.

Bem é importante dizer que eu não sou assim tão brilhante para saber isso tudo, li estes argumentos ontem numa comunidade do orkut chamada Astrologia sem Censura, que tem filósofos de plantão, mas achei interessante registrar esses vícios de interpretação da vida.

Não importam os argumentos, é sempre bom parar e ver onde está a verdade.

Nossa, isso é sério,
o que é verdade em tudo que se lê?


2 comentários:

  1. O que eu mais utilizo não está na lista, que é o argumentum ad baculum. HAUHAUHAUHAUHAUHAUAH :p

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  2. existe um erro essencial do latim, filho... ad bacullum seria feito pelo papa, que usa uma coisa na mão chamada baculo que dá autoridade divina (?) a ele. Não creio realmente que voce tenha tendencias religiosas...risos
    seria talvez ad Baccus, filho dos efeitos do vinho?

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