quarta-feira, 17 de junho de 2009

mitos e homens


Desde tempos antigos os homens imaginam seres meio animais vivendo paralelamente a eles... esfinges, grifos, harpias, tritões e sereias, centauros. Qual a razão disto?
Simplesmente querer romantizar lendas, ou retratar aspectos animais ainda existentes na psique humana? Estética artística?

Eu sempre acreditei que a mitologia dos povos antigos foi a ancestral da Psicologia, e que no desenrolar dos mitos se enxerga e compreende angústias e virtudes do fato de ser humano e ter que viver uma vida humana num mundo sobre o qual não se tem controle.

Os centauros seriam criaturas meio homem meio cavalo, violentos, de rompantes, atléticos, egoístas. Os tritões e sereias seriam criaturas meio homem meio peixe, viendo no umbral entre os mundos marinho e terrestre, com destacada frieza e necessidade de atrair os homens para seu mundo onde não sobreviveriam.

Qualquer que seja o animal em questão, o que estes mitos retratam é uma vida de excluído, de pária, de viver entre dois mundos sem pertencer ou ser bemvindo a nenhum deles.

Ser ou não ser, eis a questão. Mas Ser envolve Pertencer ... ou não pertencer, outra questão.

Ser mais peixe ou homem?
Reagir com o instinto ou com a razão? (Será que alguem tem controle sobre isso?)
Se deixar domesticar ou correr livre?

Quando eu era criança tinha mania de ficar conversando com peixes no aquário, achando que ele podiam me enxergar, que podiam me entender. Muitas das melhores lembranças da minha infancia envolvem o Aquário de Santos e os vidros mágicos que permitiam ver dentro de outro mundo.

Durante toda minha vida profissional conversei com animais e ainda faço isso hoje, o quanto eles podem entender eu não sei, mas há com certeza uma certa instância de comunicação.

Em 1917, Kafka escreveu o seguinte no conto O silêncio das sereias:
" As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio."

Silêncio dói, e incomoda muito mais do que falatório.
Como nos comunicar com a parte animal que existe dentro de nós? Como reconhece-la e valoriza-la? Porque mesmo sem caudas ou patas nos sentimos excluídos vivendo entre 2 mundos diferentes...
Melhor procurar alguem da nossa espécie ou se misturar?
Ficar em silêncio ou se comunicar?

Muita coisa para se pensar...

A questão será ser ou não ser, ou talvez crer ou não crer, ou mais ainda, querer ou não querer???

Muita coisa para se pensar...

Bom, deixa eu arrumar minhas escamas que está na hora de sair.... hoje a caminhada é no frio e silencio da noite.

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