sábado, 14 de novembro de 2009

aceleração do tempo

Recebi ontem de uma amiga um PPS com um texto de Leonardo Boff, trazendo uma possível explicação para esta sensação que todo mundo sente, de que o tempo está acelerado e os dias já não teem as 24 horas que tinham antes.

Embora esta sensação esteja presente e clara nas mentes de todos, deve-se ter muito cuidado com todo tipo de explicações "científicas" divulgadas pela internet. Lembram-se do ultimo post, onde a receita infalível para uma "bomba" na internet era pegar afirmações de um cientista qualquer e encaixa-las na sua teoria...

Bem, este é um dos casos, a tal Ressonancia Schumann existe, de fato, mas as variações que apresenta não teem o padrão citado no texto espalhadopela net, nem são anormais, e nem poderiam de forma alguma encurtar nosso dia de 24 para 16 horas.

Colo aqui o texto de Mario Barbatti, meu cético favorito, do site Defenestrando Idéias , onde o texto completo com gráficos pode ser lido.


"Ressonância de Schumann: Quando o holismo se tornou reducionista

Ressonâncias de Boff


Recebi há alguns dias um texto de Leonardo Boff a respeito de uma tal de Ressonância de Schumann. O texto fora publicado originalmente no Jornal do Brasil, em 05/mar/2004. Confesso que até então nunca havia ouvido nada sobre esta tal ressonância, mas Boff a apresentava como uma daquelas panacéias magníficas capaz de explicar os mais variados fenômenos naturais e sociais. O suficiente para despertar a minha curiosidade.
Em seu parágrafo mais contundente, Boff afirma:
"Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa frequencia de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80 e de forma mais acentuada a partir dos anos 90 a freqüência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz por segundo. O coração da Terra disparou. Coincidentemente desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros.
Devido a aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real neste transtorno da ressonância Schumann."

O leitor cético já percebe de imediato que há coisa demais neste caminhão e vale a pena tentar descobrir um pouco mais sobre o assunto.
Uma pesquisa por "ressonância de Schumann" ou "Schumann resonance" no Google, revela centenas de endereços em português e, claro, dezenas de milhares de outros em inglês. A maior parte das páginas que visitei reforçam a idéia de Boff de que as alterações na tal Ressonância é a responsável pelas dissonâncias em nosso mundo. Encontrei explicações sobre tudo, das mudanças climáticas globais aos atentados terroristas.
Descobri até que por módicos 249,95 dólares, pode-se comprar um simulador de ressonância de Schumann para toda a casa, ou um para carregar no bolso ($ 169,99). Curiosamente, entre as páginas em português, boa parte delas apenas comentava o artigo de Boff.
Repita a pesquisa no Scirus que é uma ferramenta de busca mais restrita às páginas de instituições científicas, e ainda encontramos duas mil respostas. Mas agora o foco muda. A maior parte das páginas parece discutir questões geofísicas do planeta.
Então, vamos olhar no Web of Science. Para usar esta ferramenta é necessário estar conectado a partir de uma instituição que assine o serviço. O Web of Science retorna somente artigos publicados em revistas científicas indexadas. Agora temos apenas 47 respostas. Destas, apenas duas mencionam alguma correlação entre a ressonância de Schumann e o ser humano, referindo-se a dois artigos do cientista ambiental Neil Cherry em obscuras revistas. O fato de haver tão poucas referências qualificadas a respeito da suposta influência da ressonância de Schumann sobre os seres humanos, também é uma boa indicação de há algo errado.

Um pouco de física

A radiação solar e outras fontes cósmicas quando atingem nosso planeta, colidem com as moléculas das camadas superiores da atmosfera. Estas moléculas excitadas com a energia da colisão,perdem um ou mais elétrons e adquirem uma carga elétrica total diferente de zero. Esta camada de moléculas ionizadas, com o óbvio nome de ionosfera, tem cerca de 500 km de espessura e fica a cerca de 50 km de Entre a superfície onde estamos e a ionosfera há uma diferença de potencial de 50 mil Volts. De forma simplificada, o planeta assemelha-se a um capacitor esférico. Uma das placas é a superfície, essencialmente metálica, da Terra. A outra, a ionosfera. Entre as duas está uma grossa camada isolante (dielétrica) de ar. A radiação eletromagnética permanece presa entre estas duas placas propagando-se ao redor do planeta como ondas. Num regime estacionário, que ocorre quando não se espera variação abruptas de campos eletromagnéticos, estas ondas vibram com uma certa freqüência de ressonância, que é a chamada ressonância de Schumann.
Como a circunferência da Terra é de 40 mil km, as ondas eletromagnéticas, que se propagam a 300 mil km/s, podem dar 7,5 voltas no planeta em apenas um segundo. Isto estabelece o valor básico para a freqüência de ressonância em 7,5 Hz. As medições mostram que a freqüência fundamental de Schumann tem um valor de 7,8 Hz, bem próximo ao que grosseiramente estimamos acima. Mas a radiação eletromagnética também apresenta outros picos de ressonância em 14, 20, 26, 33, 39 e 45 Hz. Assim o mais adequado seria falar de ressonâncias de Schumann.

... A certa altura ele (Bof)afirma:

Empiricamente fêz-se a constatação que não podemos ser saudáveis fora desta freqüência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens espaciais, ficavam fora da ressonância Schumann, adoeciam. Mas submetidos à ação de um "simulador Schumann" recuperavam o equilíbrio e a saúde.

Não é necessário ser um cientista para ir até o site da Nasa e fazer uma consulta sobre esta afirmação tão surpreendente. Ao constatar que não há uma uma única palavra sobre o assunto, Boff poderia desconfiar que esta informação "simulador Schumann" não era muito confiável.


Curiosamente é até possível que as freqüências de Schumann tenham algum efeito sobre os seres vivos. Afinal, somos produtos de bilhões de anos de evolução, nos quais os ambientes terrestres exerceram forças fundamentais. Mas entre afirmar, em geral, que certo fator pode ter uma influência, e afirmar que ele é o responsável por todas as mazelas humanas, vai uma distância considerável.
Mario Barbatti.
"



Bom, como eu já disse várias vezes, na internet, as páginas bem feitas, com efeitos visuais e outros artifícios, podem nos levar a crer que o que dizem é verídico.

A ciencia hoje em dia está tão avançada, que nenhuma teoria pode ser comentada e resumida em um ou dois parágrafos, e nenhuma tambem explica todo tipo de problemas.
Mais do que nunca, é preciso saber filtrar numa pesquisa quem e o que é serio, e pode ser levado em conta, e ter cuidado com afirmações feitas por pessoas sem nenhuma base.

Agora, vamos falar a verdade, que o tempo está passando mais rápido, todo mundo percebe!......

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