O nome dele era Jorge, tinha a pele morena clara e olhos de um azul claro incomum. Tia Bela me contava de como ele amava cavalos e de como ele a esperava para ir correr o cafezal, levando um canivete para descascar frutas para ela.
TODOS que o conheceram o amaram.
São Jorge tem um lugar especial na Igreja e no coração das pessoas não religiosas porque sua história é a de defender oprimidos... soldado romano (que historicamente nunca poderia ter usado esta armadura medieval) se recusou a cumprir uma ordem de matar cristãos e foi decapitado por isso. Todos os indefesos e oprimidos ( e quem, mesmo rico e livre, NUNCA se sentiu indefeso e oprimido?) olham para ele como ponte para obter justiça divina, onde só há desesperança.
Não adianta nada a Igreja jogar o culto de São Jorge para o limbo, porque ele é uma instituição duradoura... Desde o século IV ele é padroeiro e símbolo de resistência de locais como a Inglaterra, da Catalunha, de profissões de risco como policiais e guerreiros, ele é imagem e exemplo para pessoas que teem vidas difíceis, mas ainda assim se sentem na obrigação de fazer diferença, de valorizar a justiça e a honra muitas vezes à custa de sacrifícios pessoais.
Eu sempre me senti meio parente dele, por causa do meu bisavô que eu queria tanto ter conhecido, por causa do cavalo, e principalmente por causa da Causa (essa ficou boa). Para falar a verdade até do dragão eu gosto, porque a vida é feita de opostos e nada é completamente bom ou completamente mau, eu acredito firmemente que depois que as luzes se apagam São Jorge e o dragão se sentam à beira do fogo e brincam, como qualquer homem e seu cachorro.
Bom tambem é ver que ainda tem gente no mundo capaz de dar a própria cabeça a prêmio em nome de uma causa, e gente que combate os próprios dragões até os limites da exaustão e se supera.
Valei-me São Jorge, porque o mundo é hostil!
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